Autor: Ronaldo A. Silva
Desde a minha mocidade eu estudo a Bíblia Sagrada. Aprendi desde
cedo que a Palavra de Deus não é de particular interpretação. Por isso sempre
tive muito cuidado quando nos meus estudos eu encontrava elementos novos e
esclarecedores sobre certas passagens bíblicas, cuja interpretação já era
largamente aceita. Eu sabia que por mais reveladora que fosse minha descoberta ela
teria obrigatoriamente que ser defendida ou pelo menos aceita por um
determinado número de intérpretes da Bíblia. Mas aprendi também, que certas
interpretações são acolhidas pelo público sem nenhum critério. Na verdade
muitas heresias permanecem inalteradas até hoje pelo simples fato de sua
interpretação agradar aqueles que a recebem como verdadeiras. Pode ser também
que isso aconteça por que a maioria das pessoas não quer se dar o trabalho de
examinar as Escrituras para tirar suas próprias conclusões, ainda que seja apenas
por pura curiosidade.
Mas houve momentos que me senti muito indignado com certos
comentaristas que, mesmo diante de passagens de difícil interpretação,
insistiam em fazer suas afirmações como sendo absolutamente certas, sem nenhuma
possibilidade de haver uma interpretação diferente. Isso é muitas vezes produto
da soberba que acaba os deixando cegos para detalhes muito simples. Alguns violam
os mesmos princípios de interpretação que defendem, apenas para mostrarem “que
sabem o que estão dizendo”.
Hoje, por exemplo, grandes Bíblias de Estudo, comentadas por
homens conhecidos no mundo todo, contém em seus comentários interpretações
absurdas, que só podem ser aceitas por pessoas muito ignorantes quanto ao
conhecimento bíblico.
Tomemos por exemplo, a interpretação que se dá aos famosos quatro cavaleiros do Apocalipse.
Não há dúvidas quanto aos três últimos cavaleiros, cuja
descrição é feita com raríssimos detalhes. Os escritores bíblicos parecem não
estar muito preocupados em fornecer detalhes nos seus escritos. Isso é notório
principalmente nas profecias. Os ensinos de Jesus feitos extensamente em
parábolas é outra prova disso. Eles relatam as coisas mais relevantes deixando
os detalhes para aqueles que se interessarem
de fato pelo assunto. E isso é o que um bom estudante da Bíblia deve fazer.
Pois bem. O cavalo vermelho e o seu cavaleiro representam a
guerra. O cavalo preto e o seu cavaleiro representam a fome e a escassez de
alimento. O cavalo amarelo representa a morte. E atrás de todos eles vai o
inferno, recolhendo aqueles que vão sendo mortos pela guerra, pela fome e pelas
doenças, pragas, etc.
Perceba que, guerra, fome, peste, e até o inferno, são “coisas”
personificadas. Não são pessoas. E por que cargas d`água, a maiorias dos
comentaristas adotam a interpretação de que o cavalo branco com o seu cavaleiro
representam “o anticristo”? Ora, o anticristo segundo a Bíblia é uma pessoa, um
homem e não uma “coisa” um “evento”! Só este fato seria o suficiente para
desmontar esta débil afirmação.
Esta afirmação se torna ainda mais grave por tornar os
elementos reconhecidamente “bons” em elementos “maus”. O branco,
definitivamente, é representado na Bíblia, em toda e qualquer parte, como
símbolo de santidade, paz e pureza. Descrever
o branco desta passagem como “falsa paz” é simplesmente ridículo! A não ser que
fosse um “branco encardido”. Não existe “falsa paz”. Ou existe paz ou existe
guerra. A paz é paz, ainda que frágil ou passageira mais ainda assim é paz. Julgar
a cor branca deste cavalo como algo mau, seria o mesmo que transformar o
fermento mau, numa coisa boa! Um absurdo! Uma vez que o fermento na Bíblia
simboliza corrupção em qualquer lugar onde seja mencionado. E isso faz parte
das regras de interpretação.
Outra coisa extremamente grave é atribuir ao anticristo a
frase: “saiu vitorioso e para vencer”! Ora, como a Bíblia afirmaria uma coisa
dessas? Como poderia o anticristo sair desde o inicio da sua cavalgada “vitorioso”
e destinado a ser vencedor? Como é possível afirmar uma tolice dessas?
Se considerarmos que antes disso, João chorava diante do
séquito celestial, repleto de anjos, serafins e querubins, por não haver nem no
céu, nem na terra, nem em lugar nenhum, ninguém que fosse digno de abrir o
livro e desatar os seus selos, veremos por que somente Cristo poderia ter aberto aquele livro!
E disse-me um dos anciãos: Não chores; eis aqui o Leão da tribo de Judá, a raiz de David, que venceu, para abrir o livro e desatar os seus sete selos. Apocalipse 5.5.
A razão era muito simples: é que somente ele era o VENCEDOR. Vencedor por antecipação. No Céu estava o Cordeiro de Deus, que venceu a morte, venceu o inferno, venceu o pecado, e agora se achava na condição de ser COROADO. Porém, como a batalha ainda não havia terminado para o seu povo e sua Igreja, ele ainda sairia à guerra, não por si mesmo, mas pela sua Igreja e pela completa aniquilação dos seus inimigos. E por isso saiu vencendo, destinado a vencer, por que é um VENCEDOR!
E disse-me um dos anciãos: Não chores; eis aqui o Leão da tribo de Judá, a raiz de David, que venceu, para abrir o livro e desatar os seus sete selos. Apocalipse 5.5.
A razão era muito simples: é que somente ele era o VENCEDOR. Vencedor por antecipação. No Céu estava o Cordeiro de Deus, que venceu a morte, venceu o inferno, venceu o pecado, e agora se achava na condição de ser COROADO. Porém, como a batalha ainda não havia terminado para o seu povo e sua Igreja, ele ainda sairia à guerra, não por si mesmo, mas pela sua Igreja e pela completa aniquilação dos seus inimigos. E por isso saiu vencendo, destinado a vencer, por que é um VENCEDOR!
E, HAVENDO o Cordeiro aberto um dos
selos, olhei, e ouvi um dos quatro animais, que dizia como em voz de trovão:
Vem, e vê.
E olhei, e eis um cavalo branco e o que estava assentado sobre ele tinha um
arco; e foi-lhe dada uma coroa, e saiu vitorioso, e para vencer. (Apocalipse 6.1,2.)
No Capítulo 19 do mesmo livro, é feita uma descrição mais
detalhada deste cavaleiro Celestial em seu cavalo branco.
Ele se chama Fiel e Verdadeiro. Ele é o Rei dos reis e Senhor dos senhores. E o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus. Portanto, Jesus Cristo é o Verbo de Deus. Ele é de fato a “personificação” da Palavra de Deus. E nesta condição Ele é apresentado saindo à frente dos demais cavaleiros.
E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça.
E os seus olhos eram como chama de fogo; e sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome escrito, que ninguém sabia senão ele mesmo.
E estava vestido de uma veste salpicada de sangue; e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus.
E seguiam-no os exércitos no céu em cavalos brancos, e vestes de linho fino, branco e puro. (Apocalipse 19.11-14).
Ele se chama Fiel e Verdadeiro. Ele é o Rei dos reis e Senhor dos senhores. E o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus. Portanto, Jesus Cristo é o Verbo de Deus. Ele é de fato a “personificação” da Palavra de Deus. E nesta condição Ele é apresentado saindo à frente dos demais cavaleiros.
Imagine agora, todo o Céu em profundo suspense, para ver quem
teria o direito de revelar os segredos mais profundos de Deus, com respeito ao
fim de todas as coisas, mas ninguém é achado digno. Então, quando Cristo se
apresenta como “Aquele que VENCEU para abrir o livro”, acontece a coisa mais
inusitada possível. Quando Ele abre o PRIMEIRO selo, quem vem lá? O “belo”, “a
belezura” que não tem nada a ver com o que está sendo revelado naquele momento,
o anticristo! Quanta incoerência!
Ora, tanta incoerência não faz nenhum sentido. Se Jesus Cristo é o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último,
como poderia esse impostor chamado anticristo, receber uma coroa, montar um cavalo
branco e sair vitorioso, como se tivesse obtido a vitória em alguma coisa ANTES;
e não sendo isso o bastante, saísse na frente para vencer!?
Se a visão fala de “coisas”, “fatos”, e “eventos”, que estes
cavalos com seus respectivos cavaleiros vão protagonizar na terra, é óbvio que
o cavalo que sai na frente é A PALAVRA DE DEUS! É a CONQUISTA protagonizada
pelo Evangelho de Jesus Cristo, que continuará sendo pregado até o fim. É a personificação
de um REINADO VITORIOSO, conquistado por Jesus Cristo sobre as forças do mundo
e do inferno. A Palavra de Deus como uma flecha já foi lançada.
Compare com as seguintes informações. Antes de vir o Dilúvio,
Noé pregou por cerca de 120 anos. Antes de Israel ser levado em cativeiro, os
profetas de Deus foram enviados sistematicamente até não haver mais o que
fazer. No sermão profético, em meio à fome, peste, guerras e terremotos, o
Evangelho estará sendo pregado em todo o mundo em testemunho a todas as gentes
até que chegue o fim. Portanto, antes dos juízos de Deus, vem a sua Palavra
Profética para livrar os homens dos castigos que serão derramados sobre eles.
Portanto, apesar da amedrontadora visão proporcionada pela
missão dos cavaleiros do apocalipse, resta-nos o conforto de que Deus nunca nos
deixa só. Mesmo no meio de um mundo corrupto e perigoso, Deus está presente
através da sua Palavra, poderoso para salvar e libertar das garras do inimigo,
que será vencido para sempre!
Ev. Ronaldo Silva. Escritor e autor do livro: A Eficácia de Satanás.
22 de julho de 2017.